sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sespa diz que não há registro de vaca louca

Mais de uma semana depois de o DIÁRIO ter revelado um caso de uma doença misteriosa cujos sintomas são similares aos da Síndrome da Vaca Louca, a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) e a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) emitiram uma nota técnica informando sobre o caso.
Assinada no dia 20 de outubro pela diretora de Vigilância à Saúde da Sespa, Maria Rosiana Cardoso Nobre, e pelo diretor-geral da Adepará, Mário Moreira, a nota esclarece as diferenças entre o que pode ser a Doença da Vaca Louca e tipos similares de doenças ‘priônicas’. Segundo os dois órgãos, o Mal da Vaca Louca estaria descartado.
De acordo com a nota, a vigilância epidemiológica da Encefalopatia Espongiforme Bovina-EEB, popularmente conhecida como Doença da Vaca Louca, no Brasil e no Estado do Pará, obedecem à legislação dentro das exigências internacionais da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), onde o órgão de defesa agropecuária do Estado do Pará (Adepará) cumpre a caracterização de risco, seguindo os itens preconizados na legislação.
O município de Uruará não se encontra dentro desta caracterização de risco e os municípios da mesma microrregião são monitorados através da análise em cocho (feed check) mensalmente, e todos os animais com suspeita de doença neurológica têm amostras coletadas e encaminhadas aos laboratórios credenciados para análise e pesquisa da presença do príon (Diagnóstico de EEB).
“Não há registro de casos de EEB em animais no Estado do Pará e ainda durante a investigação do caso não houve relato de viagens do paciente a países de risco para EEB”, enfatiza a nota técnica. Informações obtidas pelo DIÁRIO dão conta de que o engenheiro florestal da Emater que apresenta sintomas de uma doença priônica já teria se deslocado contaminado de Uruará para Santarém, em abril.
O CASO
Segundo a nota técnica, não existe nenhum histórico de viagem do paciente contaminado a países onde ocorreu o surto de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB ou BSE em inglês) ou o consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados pelo agente infectante (príon). “As características clínicas – epidemiológicas e laboratoriais do caso, apontam mais fortemente para a forma esporádica ou familiar de DCJ. As Vigilâncias, Estadual e Municipal, continuam realizando investigação e acompanhamento do paciente, aguardando resultados de exames para conclusão da investigação”, encerra a nota.
O QUE É A DOENÇA
Segundo descreve a nota técnica da Sespa/Adepará, as Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET) acometem diversas espécies animais e são causadas por partículas proteináceas com capacidade infectante, denominada príons. A forma humana é conhecida como doença de Creutzfeldt–Jakob (DCJ) e foi descrita pela primeira vez nos anos 20, como uma doença no cérebro que fazia com que o cérebro adquirisse uma forma de esponja. A doença é caracterizada por um conjunto de degenerações neurológicas raras, que acometem o ser humano.
É uma doença rara, com poucas dezenas de casos descritos no mundo e sua duração é de 6 meses a 1 ano e meio até a morte.
Aproximadamente 85% dos casos acontecem de maneira esporádica sem nenhum padrão de transmissibilidade reconhecível.
No Brasil, a DCJ é uma doença de notificação compulsória desde 2006, conforme portaria SVS/MS Nº 5, de 21 de fevereiro de 2006, atualizada pela Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011. (Diário do Pará)