Por Cirineu Santos
Fotos Thiago Santos
Cerca de três mil pessoas se reuniram, no último sábado, na comunidade Canãa, vicinal 185 Sul (estrada Transiriri), a 60 quilômetros da cidade de Uruará, no oeste do Pará, onde esteve presente a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, e o comandante da Força Nacional de Segurança, major Alexandre Aragon, para ver de perto a situação da demarcação da reserva indígena Cachoeira Seca.
Da reunião participaram colonos que moram há décadas no local, além de lideranças comunitárias de Placas, Uruará e Altamira, representantes de entidades sociais, autoridades dos três municípios e moradores de outras 15 vicinais localizadas na parte sul da Transamazônica, cujos lotes ficarão dentro da linha vermelha da Fundação Nacional do Índio (Funai), marco da reserva indígena.
A secretária chegou ao local do acampamento, que já durava uma semana, por volta das 15h, e começou a ouviu os moradores da área pretendida pela Funai. Regina Miki explicou que os agentes da Força Nacional de Segurança estavam fazendo o seu trabalho, ou seja, garantindo a ordem. “Acredito no trabalho da Força Nacional, em seus mais de 11.200 agentes. Sou a comandante geral desta força e quero dizer a vocês que em momento algum eles foram instruídos a atirar em alguém aqui. Todos nós sabíamos que estaríamos aqui diante de trabalhadores e não de bandidos”.
A secretária salientou estar no local em nome do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso (o ministro se recupera de uma cirurgia), do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, e da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para pactuar alguns passos referentes à demarcação com os moradores da área da linha vermelha. Entre os pactos está a continuação da demarcação da terra para um levantamento fundiário e topográfico.
LEVANTAMENTO
Além disso, está sendo feito um levantamento de quantos moradores vivem na área. “Iremos demarcar para fazer um levantamento e saber quantas famílias, quantas localidades existem na área. Além disso, iremos fazer uma mesa de negociação entre o ministro da Justiça e os representantes que estiveram em Brasília para que daqui para frente possamos pactuar em conjunto. Vocês não serão retirados daqui desta área de imediato coisa nenhuma e oxalá cheguemos a um bom termo de que ninguém seja retirado daqui.”
Miki disse ainda que muitas das informações que chegam a Brasília são distorcidas, dando conta de que os moradores da área são fazendeiros, mas que ela constatou que todos são agricultores, trabalhadores que moram há anos no local. “Vamos terminar este processo com a maior tranquilidade possível e sairemos todos vitoriosos. Vamos preservar os direitos dos índios, sem dúvida nenhuma, mas preservando o direito dos colonos que aqui estão, homens e mulheres de paz”.
Ao final do encontro, a ministra reconheceu: “Saio satisfeita daqui. Vim em busca de um diálogo e fui acolhida. Este povo aqui está defendendo um direito que é seu e abrimos a partir de agora uma negociação. Não vi conflito aqui.”
O prefeito de Uruará, Eraldo Pimenta, avaliou que a questão é muito complexa, mas disse que acredita na solução do problema. Explicou que a reunião foi produtiva, pois teve o privilégio de receber a secretária de Segurança Nacional em Uruará, demonstrando interesse para que o problema seja solucionado.
Ele ressaltou que existem apenas 81 índios para ocupar um área de 734 mil hectares de terras. Em compensação, são mais de mil famílias de agricultores que estão na área há cerca de 40 anos e que convivem pacificamente com os índios da etnia Arara.
Após a reunião com a ministra, os acampados que haviam passado uma semana a 20 metros do alojamento da Funai e dos policiais se retiraram do local. Eles esperam agora o prazo de 60 dias dado pela ministra, para apresentar o resultado do diagnóstico e as novas providências que serão tomadas.
Mais uma vez, o prefeito Eraldo Pimenta, demonstra liderança política e que o os interesses da população está em primeiro lugar, resolvendo o problema cachoeira seca.