Além dos 500 km2 da floresta amazônica previstos, desmatamento pode ser maior
A previsão da Norte Energia para construir a hidrelétrica de Belo Monte é a de desmatar 500 km2 da floresta amazônica na região do Rio Xingu, no Pará. Ou seja, isso é só para a obra da usina em si.Mas uma construção desse porte, com alteração na dinâmica econômica da região, pode estimular mais desmatamentos. Pelo menos é o que prevê Paulo Barreto, do Imazon, um dos pesquisadores do estudo sobre esses impactos na região.
“Um investimento de grande porte tende a estimular imigração e aumenta a circulação de capital localmente. Estes dois fatores tendem a estimular a demanda por produtos agropecuários, que por sua vez estimula o desmatamento. Ou seja, é um estímulo indireto. Esse desmatamento não contabiliza a área desmatada diretamente para a instalação da obra, como a área do reservatório e dos canteiros de obras”.
E uma das condicionantes impostas pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na licença prévia de Belo Monte é justamente esse estudo para avaliar e mitigar esse impacto indireto que a usina pode causar.
Barreto explica que o desmatamento indireto causado pela usina, nos próximos 20 anos, pode ser de 800 km2 (diga-se, em um cenário mais otimista). Mas ele pode chegar a até 5.316 km2 (em um cenário de forte desmatamento, como o registrado no ano de 2005). “Isso se o governo e a empresa não tomarem medidas concretas para controlar”, explica.
Para barrar tal situação, o estudo sugere a criação de várias unidades de conservação, além de aumentar a fiscalização e punição de crimes ambientais.
“Por exemplo, estimamos que fosse necessário dobrar o número de imóveis ilegais embargados e triplicar o valor de multas emitidas para manter a taxa de desmatamento pelo menos igual à situação sem o projeto”. Portanto, é necessária uma ação muito efetiva e ampla, tanto da empresa quanto do governo.