sábado, 10 de setembro de 2011

SERRA PELADA PREPARA RETOMADA DA EXPLORAÇÃO DE OURO 20 ANOS DEPOIS


Local onde está sendo construída a nova mina subterrânea de Serra Pelada

Ponto de atração de trabalhadores de todo o país que migravam em busca de riqueza no início dos anos 80, o garimpo de Serra Pelada, distrito do município de Curionópolis, no sul do Pará, começa a renascer. 20 anos após ser fechado, o garimpo se prepara para uma nova fase de exploração, prevista para se iniciar em 2012. Ao lado da cava onde muitos perderam a vida soterrados, uma nova mina, desta vez toda mecanizada, está em fase final de construção.

A expectativa da empresa responsável pela nova exploração é de que ainda existam cerca de 50 toneladas de minério, entre ouro, paládio e platina, prontos para serem extraídos nos próximos dez anos.
Funcionários se direcionam para a nova mina de Serra Pelada
O novo garimpo de Serra Pelada é resultado de uma parceria entre a Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) e a empresa de mineração Colossus, do Canadá. A aliança, firmada em 2008, gerou uma terceira empresa, a Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPCDM), detentora da portaria de lavra, documento concedido pelo governo federal que permite a retirada de minério do local.
O terreno onde a nova mina subterrânea está sendo instalada tem cem hectares e fica ao lado da antiga cava aberta pelos garimpeiros, atualmente desativada e transformada em um grande lago.
Funcionários da empresa que trabalham dentro da mina  precisam usar
coletes sinalizadores
Segundo o diretor-geral da Colossus no Brasil, Paulo de Tarso Serpa Fagundes, até 2013, a empresa canadense deve investir R$ 320 milhões, a fim de que a nova mina de Serra Pelada traga os resultados esperados. Desde 2008, quando a parceria com a cooperativa dos garimpeiros foi firmada, já foram injetados na região R$ 190 milhões pela empresa canadense, segundo afirma o diretor da empresa.

Diferentemente da antiga mina de Serra Pelada, onde a exploração era artesanal e na superfície – o que deu ao local o apelido de 'formigueiro humano' –, na nova mina a exploração será mecanizada e subterrânea. Pelo menos 350 metros de mina subterrânea já foram escavados, segundo a empresa, e a expectativa da Colossus é de que a mina alcance cerca de 400 metros de profundidade, o equivalente a um prédio de 120 andares, com rampas e acessos subterrâneos. 
Tubos instalados na parte superior da mina auxiliam na ventilação do local
O trabalho dentro da mina é realizado durante 24 horas por dia. Enquanto a nova Serra Pelada não começa a extração, cerca de 200 funcionários se revezam em três turnos de trabalho. Banheiros químicos foram instalados ao longo da mina, e os funcionários podem sair de dentro do local até três vezes ao dia, para fazer as refeições no refeitório da empresa.  
Entrada da nova mina subterrânea de Serra Pelada

Antes de seguir pelo longo túnel que já dá forma à nova mina, os funcionários precisam passar por uma série de procedimentos de segurança. O primeiro é um curso específico com 30 horas de treinamento, onde o funcionário recebe informação sobre primeiros-socorros e orientações sobre como se portar a tantos metros de profundidade. 'Segurança para nós é primordial', afirma o coordenador da mina, Hélio Machado Filho.

Em geral, cada funcionário permanece até seis horas dentro da mina, sob uma iluminação que se assemelha à de uma casa à noite. Protetores de ouvido e colete sinalizador são de uso obrigatório, além de máscaras para respiração e outra chamada máscara de fuga, que tem vida útil de 25 a 120 minutos de oxigênio, em caso de possível desmoronamento. Antes de entrar na mina, todos ainda precisam verificar a pressão arterial.