
No meio das divisões entre os caciques, três negociadores – um deles o superintendente Regional da Polícia Civil de Itaituba, delegado Edinaldo Silva de Souza, e dois servidores da Fundação Nacional do Indio (Funai), o procurador Sostenes Camilo Magalhães Costa e o coordenador regional Deuzivaldo Saw Munduruku – foram mantidos reféns e impedidos de sair do hotel onde se reuniram para encontrar uma saída para o problema. O cacique Valdeni Munduruku, à frente de um grupo de índios, afirmou que nenhum agente do Estado ia deixar o hotel. “Nós queremos a presença do governador do Estado e do juiz que cuida do assassinato do Lelo Akay. Os senhores só deixarão a cidade quando o nosso pedido for atendido. Os senhores vão com a gente pra aldeia comer peixe com farinha até que o governador e o juiz venham conversar com a gente”, bradou o cacique. Ele garantiu que os negociadores não seriam hostilizados nem agredidos fisicamente.
O secretário de Segurança Pública, Luís Fernandes, decidiu no começo da noite viajar na manhã de hoje para Jacareacanga. Ele vai ouvir as reivindicações dos índios e anunciar as providências. “Estamos aqui sem poder fazer nada, vigiados e monitorados pelos índios”, disse o delegado Edinaldo de Souza. Segundo o procurador Sóstenes Magalhães Costa, as negociações estavam avançadas, ainda pela manhã, mas depois houve um retrocesso.
Cerca de mil índios chegaram à cidade, provenientes de várias aldeias da região, engrossando o coro daqueles que querem vingar a morte de Lelo Akay. A presença dos índios nas ruas e na frente do hotel assustou os negociadores. Eles foram obrigados a retornar para seus quartos diante da ameaça de que não sairiam do hotel. Temendo o agravamento das tensões, a tropa de 30 homens enviada de Belém permaneceu em Itaituba, aguardando instruções.
(Diário do Pará)