terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Obras de Belo Monte não afetaram águas do Xingu

Dados obtidos a partir da coleta de amostras do Rio Xingu apontam que as águas próximas ao Sítio Pimental, da Usina Hidrelétrica Belo Monte, estão uniformes e com turbidez (transparência da água) em níveis normais para esta época de chuvas na região. O monitoramento foi realizado no último sábado (20) pelo Instituto Internacional de Ecologia (IIEGA), acompanhado pela Gerência Socioambiental da Norte Energia S.A., empresa responsável pela construção e operação de Belo Monte. O material passará ainda por um processo ainda mais rigoroso de avaliação a fim de demonstrar outros aspectos da qualidade da água, desde que começaram as obras no leito do Xingu, próximas ao Sítio Pimental.
As atividades no Rio Xingu foram iniciadas com a construção de estrutura de acesso com a configuração de ensecadeira, para facilitar a entrada na Ilha Pimental, onde será construída a barragem e a casa de força complementar, com potência instalada de 233,1 MW. Para comprovar a manutenção da qualidade da água e levar tranquilidade às comunidades tradicionais da região, a Norte Energia contratou, em 24 de outubro de 2011, o IIEGA, instituto especializado em monitoramento de recursos hídricos, com 10 anos de atuação no Brasil, demonstrando que a preocupação da Norte Energia não é fato recente ou episódico.
“Por serem materiais pesados e naturais, os sedimentos se acomodaram no fundo do rio como uma ação natural das chuvas em áreas de encosta”, destacou o biólogo do IIEGA, Guilherme Ruas Medeiros. Os resultados finais da análise devem ser obtidos até a primeira semana de fevereiro e serão entregues às autoridades.
Percurso
Durante trajeto de 30 km acima da ensecadeira em construção do Sítio Pimental, duas amostras foram coletadas em sete pontos distintos. Em tempo real, foi possível identificar o PH da água, condutividade, oxigênio dissolvido, turbidez, sólidos totais dissolvidos e temperatura, entre outros componentes. Um dos resultados obtidos, referentes à presença de sólidos dissolvidos, demonstrou que, nos sete pontos de coleta, os índices se mantiveram estáveis, em 0,014 G.L.. Portanto, não houve alteração na qualidade da água ao longo do rio por conta das obras de Belo Monte.
Uma dessas amostras foi colhida na área da aldeia Arara da Volta Grande, ponto onde os moradores afirmaram haver a presença de resíduos e desconformidade da água. Na avaliação preliminar, foi constada a turbidez esperada, de 23,5 UNT. Da região próxima à aldeia até a ensecadeira, passando pelas aldeias Paquiçamba, Garimpo do Galo, Ilha da Ressaca e pela comunidade São Pedro, entre a estrutura de acesso e as obras na Ilha do Pilão, onde foram depositados os materiais sólidos, a turbidez da água apresentou um dos índices mais baixos, de 19,5 UNT, ou seja, maior dispersão dos materiais.
Rede de esgoto em Altamira
É importante destacar que a Norte Energia, entre as ações determinadas no processo de licenciamento ambiental de Belo Monte, deverá dotar Altamira, a maior cidade da região, com 105.000 habitantes, de uma ampla rede de esgoto e, com isso, estancar a maior causa de poluição e contaminação das águas do Xingu.
Por conta da quase inexistente rede de saneamento básico, cerca de 3.400 toneladas/dia de dejetos urbanos de Altamira (1.241.000 toneladas/ano) são despejadas sem qualquer tratamento no leito do rio. Com a rede implantada, será também dado o tratamento adequado ao esgoto, contrariamente ao que ocorre atualmente.