Dados
obtidos a partir da coleta de amostras do Rio Xingu apontam que as
águas próximas ao Sítio Pimental, da Usina Hidrelétrica Belo Monte,
estão uniformes e com turbidez (transparência da água) em níveis normais
para esta época de chuvas na região. O monitoramento foi realizado no
último sábado (20) pelo Instituto Internacional de Ecologia (IIEGA),
acompanhado pela Gerência Socioambiental da Norte Energia S.A., empresa
responsável pela construção e operação de Belo Monte. O material passará
ainda por um processo ainda mais rigoroso de avaliação a fim de
demonstrar outros aspectos da qualidade da água, desde que começaram as
obras no leito do Xingu, próximas ao Sítio Pimental.
As
atividades no Rio Xingu foram iniciadas com a construção de estrutura
de acesso com a configuração de ensecadeira, para facilitar a entrada na
Ilha Pimental, onde será construída a barragem e a casa de força
complementar, com potência instalada de 233,1 MW. Para comprovar a
manutenção da qualidade da água e levar tranquilidade às comunidades
tradicionais da região, a Norte Energia contratou, em 24 de outubro de
2011, o IIEGA, instituto especializado em monitoramento de recursos
hídricos, com 10 anos de atuação no Brasil, demonstrando que a
preocupação da Norte Energia não é fato recente ou episódico.
“Por
serem materiais pesados e naturais, os sedimentos se acomodaram no
fundo do rio como uma ação natural das chuvas em áreas de encosta”,
destacou o biólogo do IIEGA, Guilherme Ruas Medeiros. Os resultados
finais da análise devem ser obtidos até a primeira semana de fevereiro e
serão entregues às autoridades.
Percurso
Durante
trajeto de 30 km acima da ensecadeira em construção do Sítio Pimental,
duas amostras foram coletadas em sete pontos distintos. Em tempo real,
foi possível identificar o PH da água, condutividade, oxigênio
dissolvido, turbidez, sólidos totais dissolvidos e temperatura, entre
outros componentes. Um dos resultados obtidos, referentes à presença de
sólidos dissolvidos, demonstrou que, nos sete pontos de coleta, os
índices se mantiveram estáveis, em 0,014 G.L.. Portanto, não houve
alteração na qualidade da água ao longo do rio por conta das obras de
Belo Monte.
Uma
dessas amostras foi colhida na área da aldeia Arara da Volta Grande,
ponto onde os moradores afirmaram haver a presença de resíduos e
desconformidade da água. Na avaliação preliminar, foi constada a
turbidez esperada, de 23,5 UNT. Da região próxima à aldeia até a
ensecadeira, passando pelas aldeias Paquiçamba, Garimpo do Galo, Ilha da
Ressaca e pela comunidade São Pedro, entre a estrutura de acesso e as
obras na Ilha do Pilão, onde foram depositados os materiais sólidos, a
turbidez da água apresentou um dos índices mais baixos, de 19,5 UNT, ou
seja, maior dispersão dos materiais.
Rede de esgoto em Altamira
É
importante destacar que a Norte Energia, entre as ações determinadas no
processo de licenciamento ambiental de Belo Monte, deverá dotar
Altamira, a maior cidade da região, com 105.000 habitantes, de uma ampla
rede de esgoto e, com isso, estancar a maior causa de poluição e
contaminação das águas do Xingu.
Por
conta da quase inexistente rede de saneamento básico, cerca de 3.400
toneladas/dia de dejetos urbanos de Altamira (1.241.000 toneladas/ano)
são despejadas sem qualquer tratamento no leito do rio. Com a rede
implantada, será também dado o tratamento adequado ao esgoto,
contrariamente ao que ocorre atualmente.